sábado, 29 de março de 2014

NAZISTAS NO INTERIOR DE SÃO PAULO

Ex-escravos lembram rotina em fazenda nazista no interior de SP

Atualizado em  25 de janeiro, 2014 - 11:28 (Brasília) 13:28 GMTVersão para impressão
Em uma fazenda no interior de São Paulo, 160 km a oeste da capital, um time de futebol posa para uma foto comemorativa. Mas o que torna a imagem extraordinária é o símbolo na bandeira do time - uma suástica.
A foto, provavelmente, foi tirada após a ascensão nazista na Alemanha, na década de 1930.
Mas essa foi, na verdade, sua segunda e intrigante descoberta. A primeira tinha ocorrido no chiqueiro."Nada explicava a presença dessa suástica aqui", conta José Ricardo Rosa Maciel, ex-dono da remota fazenda Cruzeiro do Sul, perto de Campina do Monte Alegre, que encontrou a foto, por acaso, um dia.
"Um dia, os porcos quebraram uma parede e fugiram para o campo", ele disse. "Notei que os tijolos tinham caído. Achei que estava tendo alucinações".
Na parte debaixo de cada tijolo estava gravada uma suástica.
É sabido que no período que antecedeu a Segunda Guerra, o Brasil tinha fortes vínculos com a Alemanha Nazista. Os dois países eram parceiros comerciais e o Brasil tinha o maior partido fascista fora da Europa, com mais de 40 mil integrantes.
Mas levou anos para que Maciel, com o auxílio do historiador Sidney Aguillar Filho, conhecesse a terrível história que conectava sua fazenda aos fascistas brasileiros.

Ação Integralista

Filho descobriu que a fazenda tinha pertencido aos Rocha Miranda, uma família de industriais ricos do Rio de Janeiro. Três deles - o pai, Renato, e dois filhos, Otávio e Osvaldo - eram membros da Ação Integralista Brasileira (AIB), organização de extrema direita simpatizante do Nazismo.
A família às vezes organizava eventos na fazenda, recebendo milhares de membros do partido. Mas também existia no lugar um campo brutal de trabalhos forçados para crianças negras abandonadas.
"Descobri a história de 50 meninos com idades em torno de 10 anos que tinham sido tirados de um orfanato no Rio", conta o historiador. "Foram três levas. O primeiro grupo, em 1933, tinha dez (crianças)".
Aloysio Silva
Aloysio Silva era conhecido apenas pelo número 23
Osvaldo Rocha Miranda solicitou a guarda legal dos órfãos, segundo documentos encontrados por Filho. O pedido foi atendido.
"Ele enviou seu motorista, que nos colocou em um canto", conta Aloysio da Silva, um dos primeiros meninos levados para trabalhar na fazenda, hoje com 90 anos de idade.
"Osvaldo apontava com uma bengala - 'Coloca aquele no canto de lá, esse no de cá'. De 20 meninos, ele pegou dez".
"Ele prometeu o mundo - que iríamos jogar futebol, andar a cavalo. Mas não tinha nada disso. Todos os dez tinham de arrancar ervas daninhas com um ancinho e limpar a fazenda. Fui enganado".
As crianças eram espancadas regularmente com uma palmatória. Não eram chamadas pelo nome, mas por números. Silva era o número 23.
Cães de guarda mantinham as crianças na linha.
"Um se chamava Veneno, o macho. A fêmea se chamava Confiança", conta Silva, que ainda mora na região. "Evito falar sobre esse assunto".
Até as vacas da fazenda recebiam a suástica
Argemiro dos Santos é outro dos sobreviventes. Quando menino, foi encontrado nas ruas e levado para um orfanato. Um dia, Rocha Miranda veio buscá-lo.
"Eles não gostavam de negros", conta Santos, hoje com 89 anos.
"Havia castigos, deixavam a gente sem comida ou nos batiam com a palmatória. Doía muito. Duas batidas, às vezes. O máximo eram cinco, porque uma pessoa não aguentava".
"Eles tinham fotografias de Hitler e você era obrigado a fazer uma saudação. Eu não entendia nada daquilo".
Alguns dos descendentes da família Rocha Miranda dizem que seus antepassados deixaram de apoiar o Nazismo antes da Segunda Guerra Mundial.
Maurice Rocha Miranda, sobrinho-bisneto de Otávio e Osvaldo, também nega que as crianças eram mantidas na fazenda como "escravos".
Em entrevista à Folha de São Paulo, ele disse que os órfãos na fazenda "tinham de ser controlados mas nunca foram punidos ou escravizados".
O historiador Sidney Aguillar Filho, no entanto, acredita nas histórias dos sobreviventes. E apesar da passagem do tempo, ambos Silva e Santos - que nunca mais se encontraram desde o tempo em que viveram na fazenda - fazem relatos muito parecidos e perturbadores de suas experiências.
Para os órfãos, os únicos momentos de alegria eram os jogos de futebol contra times de trabalhadores das fazendas locais, como aquele em que foi tirada a foto onde se vê a bandeira com a suástica. (O futebol tinha papel fundamental na ideologia integralista.)
Argemiro Santos ainda guarda a medalha de ouro que ganhou
"A gente se reunia para bater bola e a coisa foi crescendo", diz Santos. "Tínhamos campeonatos, éramos bons de futebol."
Mas depois de vários anos, ele não aguentava mais.
"Tinha um portão (na fazenda) e um dia eu o deixei aberto", ele conta. "Naquela noite, eu fugi. Ninguém viu".
Santos voltou ao Rio onde, aos 14 anos de idade, passou a dormir na rua e trabalhar como vendedor de jornais. Em 1942, quando Brasil declarou guerra contra a Alemanha, Santos se alistou na Marinha como taifeiro, servindo mesas e lavando louça.
Depois de trabalhar para nazistas, Santos passou a lutar contra eles.
"Estava apenas prestando um serviço para o Brasil", explica. "Não sentia ódio por Hitler, não sabia quem ele era".
Santos saiu em patrulha pela Europa e depois passou um período, ainda durante a guerra, trabalhando em navios que caçavam submarinos na costa brasileira.
Hoje, Santos é conhecido, na comunidade onde vive, pelo apelido de Marujo. E se orgulha de um certificado e uma medalha que recebeu em reconhecimento por seus serviços durante a guerra.
Mas ele também é famoso por suas proezas futebolísticas, jogando como meio de campo em vários grandes times brasileiros na década de 1940.
"Naquela época, não existiam jogadores profissionais, éramos todos amadores", diz. "Joguei para o Fluminense, Botafogo, Vasco da Gama... Os jogadores eram todos vendedores de jornais e lustradores de sapatos".
Hoje, Santos vive uma vida tranquila com a esposa, Guilhermina, no sudoeste do Brasil. Eles estão casados há 61 anos.
"Eu gosto de tocar meu trompete, de sentar na varanda e tomar uma cerveja gelada. Tenho muitos amigos e eles sempre aparecem para bater papo", conta.
As lembranças do tempo difícil que passou na fazenda, no entanto, são difíceis de apagar.
"Quem diz que sempre teve uma vida boa desde que nasceu está mentindo", diz Santos. "Na vida de todo mundo acontecem coisas ruins".
leia mais: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/01/140121_fazenda_nazista_sp_mv.shtml

quarta-feira, 12 de março de 2014

O PÊNDULO DE FOUCAULT (em filme e livro)


O enredo do Pêndulo de Foucault envolve três amigos, Belbo, Diotallevi e Casaubon que trabalham para uma pequena editora. Tendo lido por demais manuscritos ocultistas de teorias da conspiração, eles decidem inventar sua própria teoria por diversão. Eles chamam este jogo de sátira intelectual de "O Plano." Belbo, Diotallevi e Casaubon tornam-se cada vez mais obcecados com O Plano, às vezes chegando a se esquecer que trata-se somente de um jogo. Pior ainda, quando os partidários de outras teorias da conspiração ficam sabendo sobre O Plano, eles o levam a sério. Belbo torna-se o alvo de uma sociedade secreta que acredita que ele possui a chave para tesouro perdido dos Cavaleiros Templários.

O livro abre com o narrador, Casaubon (o nome refere-se ao erudito clássico Isaac Casaubon, e também evoca um estudante personagem de Middlemarch, de George Eliot) se escondendo no museu técnico parisiense Musée des Artes et Métiers. Ele acredita que os membros de uma sociedade secreta seqüestraram o seu amigo Jacopo Belbo e agora estão atrás dele.

A partir de então, o romance é contado em retrospectiva enquanto Causabon espera no museu.

Casaubon era um estudante em 1970 em Milão, durante as atividades revolucionárias e contra-revolucionárias, tendo feito uma tese na história dos Cavaleiros Templários. Durante este período ele conhece Belbo, que trabalha em uma editora. Belbo convida Casaubon a revisar o manuscrito de um livro supostamente não-fictício sobre o Templários. Casaubon também conhece o colega de Belbo, Diotallevi, um cabalista.

O livro, escrito por um Coronel Ardenti, diz que um manuscrito codificado revelou um plano secreto dos Templários para dominar o mundo. Essa suposta conspiração seria uma vingança pelas mortes dos líderes de Templários quando a ordem deles foi dissolvida pelo Rei de França. Ardenti postula que os Templários sejam os guardiães de um tesouro secreto, talvez o Santo Graal.

De acordo com a teoria de Ardenti, depois que a monarquia francesa e a Igreja católica condenaram os Templários de heresia, alguns cavaleiros escaparam e estabeleceram grupos ao longo do mundo. Estes grupos têm se encontrado a intervalos regulares em lugares distintos para passar para frente as informação sobre o Graal. No final das contas, estes grupos reunir-se-ão novamente para redescobrir o local do Graal e alcançar dominação mundial. De acordo com os cálculos de Ardenti, o Templários deveriam ter assumido o mundo em 1944; evidentemente o plano esteve suspenso, provavelmente devido à eclosão da Segunda Grande Guerra.

Ardenti desaparece misteriosamente depois de se encontrar com Belbo e Casaubon para discutir o livro. O Inspetor de polícia, De Angelis, entrevista ambos. Ele indica que o trabalho dele como um investigador de departamento político o leva a não só investigar os revolucionários, mas também as pessoas que parecem ser unidas ao oculto.

Casaubon deixa a Itália e passa dois anos no Brasil. Enquanto vive lá aprende sobre o espiritualismo sul-americano e caribenho. Ele passa a ter um romance com uma mulher brasileira chamada Amparo e conhece também Agliè, um homem que insinua que ele é o místico Comte de Saint-Germain. Agliè tem um conhecimento aparentemente infinito sobre coisas relativas ao oculto. Enquanto no Brasil, Casaubon recebe uma carta de Belbo sobre comparecer a uma reunião de ocultistas. Na reunião Belbo foi feito lembrar da teoria de conspiração do Coronel pelas palavras de uma mulher jovem que estava aparentemente em um transe. Casaubon e Amparo também assistem a um evento oculto em Brasil, um rito de Umbanda. Durante um ritual, Amparo cai em um profundo transe e ao retornar a consciência encontra-se totalmente confusa e embaraçada. A relação dela com Casaubon se quebra, e ele volta à Itália.

No retorno para Milão, Casaubon completa a sua tese. Ele começa a trabalhar como um investigador independente. Na biblioteca conheçe uma mulher chamada Lia; os dois se apaixonam e eventualmente têm uma criança junto. Enquanto isso, Casaubon é contratado pelo chefe de Belbo, Sr. Garamond (o nome recorre a publicador francês Claude Garamond), para pesquisar ilustrações para uma história de metais que a companhia está trabalhando. Casaubon aprende que assim como a respeitável editora Garamond, Sr. Garamond também possui Manuzio, uma editora que encarrega aos autores incompetentes grandes somas de dinheiro para imprimir o trabalho deles ("Manutius" na tradução inglesa, uma referência ao tipógrafo italiano do século 15 Aldus Manutius).

Sr. Garamond logo tem a idéia para começar duas linhas de livros ocultos: uma publicação séria pela Garamond; e a outra, Ísis Revelada (uma referência para o texto teosófico de Blavatsky), a ser publicada pela Manuzio para atrair os autores mais de vaidade.

Belbo, Diotallevi e Casaubon são rapidamente submergidos em manuscritos ocultos que puxam todos os tipos de conexões ridículas entre eventos históricos. Eles apelidam os autores de "Diabólicos", e convidaram Agliè à ajudar o projeto como um leitor especialista.

Os três editores começam a desenvolver a própria teoria de conspiração, "O Plano", como sátira de parte de um jogo intelectual. A partir do "manuscrito de segredo" de Ardenti, eles desenvolvem uma teia complicada de conexões místicas. Eles também fazem uso do pequeno computador pessoal de Belbo que ele apelidou Abulafia. Belbo usa Abulafia principalmente para os relatos e textos pessoais (o romance contém muitos excertos destes, descobertos por Casaubon), mas veio equipado com um programa pequeno que pode rearranjar texto em acaso. Eles usam este programa para criar as "conexões" que inspiram O Plano deles. Eles entram em palavras fortuitamente selecionadas dos manuscritos do Diabólicos e usam Abulafia para criar o novo texto.

"O Plano" evolui lentamente, com muitos de seus detalhes mudando como os progressos de história, mas a versão final envolve os Cavaleiros Templários descobrindo fluxos de energia secretos nomeados “Correntes Telúricas” durante as Cruzadas. As “Correntes Telúricas” afetam o movimento geofísico de tectônica de placas. O veio de mãe das corrente é chamado umbilicus mundi denominado, ou "umbigo do mundo". Colocando uma válvula especial no umbilicus mundi, eles poderão controlar as correntes, perturbar e interferir em qualquer lugar com vida na Terra, com possibilidades vastas de chantagear com nações inteiras. Porém, eles não podem utilizar as correntes devido à tecnologia insuficiente.

A descoberta fora escondida com os Cavaleiros Templários e também foram a causa da sua própria destruição. Como na teoria original de Ardenti, cada grupo que se espalhou pelo mundo após a destruição da Ordem é parte do "Plano" dos Templários. Eles devem se encontrar periodicamente em locais diferentes para compartilhar seções do Plano. Então eles reunirão, redescobrirão o local do umbigo, e finalmente explorarão as Correntes Telúricas e assumirão o mundo. Os instrumentos cruciais para achar o local são um mapa especial e o Pêndulo de Foucault.

Porém, a adoção do calendário gregoriano rompe o tempo e os grupos perdem de vista um ao outro, enquanto criando várias sociedades secretas que procuram um ao outro e os pedaços perdidos do Plano ao longo da história.

Enquanto o Plano for tolice total, os editores crescentemente são envolvidos no jogo deles. Eles começam a pensar que realmente poderia haver uma conspiração secreta.

Porém, quando a namorada de Casaubon pede para ver o manuscrito codificado, ela propõe uma interpretação mundana. Ela sugere que o documento seja simplesmente uma lista de entrega, e encoraja que Casaubon abandone o jogo e que o mesmo parece estar tendo um efeito negativo sobre ele.

Quando Diotallevi é diagnosticado com câncer, ele atribui isto ao Plano. Ele sente que a doença é um castigo divino por se envolver em mistérios que ele deveria ter deixado de lado. Belbo se afasta para evitar problemas em sua vida pessoal.

Os três tinham enviado para Agliè a cronologia de sociedades secretas no Plano, fingindo que isto não era o próprio trabalho deles, mas de um manuscrito que eles tinham sido apresentados. A lista deles também inclui organizações históricas como os Templários, Rosacrucianos, Palacianos e Sinarquistas, mas eles inventam uma sociedade secreta fictícia chamada de Tres (Templi Resurgentes Equites Synarchici, latim para os Cavaleiros de Sinarquia do Renascimento Templar). O Tres é introduzido para enganar Agliè. Ao ler a lista, ele reivindica ter ouvido falar do Tres antes. Isto é possível, como a palavra foi mencionada primeiro a Casaubon pelo policial De Angelis. De Angelis tinha perguntado para Casaubon se ele alguma vez ouviu falar do Tres.

Belbo vai reservadamente para Agliè e descreve O Plano a ele como sendo o resultado de uma pesquisa séria. Ele também reivindica estar em posse de um mapa secreto dos Templários. Agliè fica frustrado com a recusa de Belbo ao seu pedido de deixar ver o (não existente) mapa. Ele molda Belbo como um suspeito terrorista para o forçar a vir para Paris. Agliè se lançou como a cabeça de uma fraternidade espiritual secreta que inclui Sr. Garamond e muitos dos autores Diabólicos.

Casaubon recebe uma chamada pedindo ajuda e ele tenta obter ajuda de De Angelis, mas a fraternidade o chantageou. Casaubon decide seguir Belbo para Paris. Ele decide que Agliè e os sócios dele pretendem se encontrar no museu onde fica o Pêndulo de Foucault, como tinha dito Belbo que o mapa dos Templários teve que ser usado junto com o pêndulo. Casaubon esconde-se no museu onde ele estava quando do início do livro.

À hora designada, um grupo de pessoas reúne-se ao redor do pêndulo para um ritual enigmático. Casaubon vê várias pessoas uma das quais diz ser o real Comte de Saint-Germain. Belbo é chamado para ser interrogado então.

O grupo de Agliè é, ou se iludiu a ser, a sociedade de Tres no Plano. Bravos porque Belbo sabe mais sobre o Plano que eles, eles tentam força-lo a revelar os segredos que ele sabe. Recusando os satisfazer ou revelar que o Plano era uma mistura absurda, Belbo é pendurado em um arame conectado ao Pêndulo de Foucault.

Casaubon foge do museu pelos esgotos de Paris. Está obscuro por este ponto o quão seguro o narrador Casaubon foi, e até que ponto ele teria inventado as teorias de conspiração. O livro termina com Casaubon que medita nos eventos narrados no livro, aparentemente resignado para o (possivelmente delusional) idéia que o Tres o capturará logo.
fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/O_P%C3%AAndulo_de_Foucault_(livro)